Há 180 anos, ocorria
uma célebre revolta de escravos, essa insurreição de milhares de negros
(1838-1840) liderados por Cosme Bento das Chagas tornou-se o mais explosivo durante a Balaiada (1838-1841), aquele acontecimento revelou um aumento
do nível de amadurecimento dos negros escravos, pois, através da insurreição
buscaram superar a escravidão (após sucessivas fugas e a constituição de
diversos núcleos de quilombolas) impondo uma forma mais incisiva de resistência
àquela sociedade escravista.
Nascido por volta de
1802, em Sobral no Ceará, Cosme chegou como negro alforriado ao Maranhão, ainda
jovem – não se pode afirmar ao certo essas datas. O Negro Cosme tornou-se o
maior obstáculo das forças legais, reunindo um contingente de aproximadamente
três mil homens, tornando-se assim, o maior líder dessa batalha pela liberdade
dos negros no Maranhão.
No período, foi visto
por muitos como um bandido sanguinário, um facínora sem escrúpulos e até como feiticeiro
chegou a ser tratado, mas possuía uma perspectiva política diferente de muitos
negros e brancos de seu período a de libertário. Logo após, Cosme fundou uma
pequena escola em seu quilombo - o de Lagoa Amarela, localizado na cabeceira do
Rio Preto, no município de Chapadinha, para ele, a leitura poderia oportunizar
uma reflexão e uma consciência maior na luta e resistência à escravidão.
Negro Cosme
foi o último grande líder da Balaiada a ser derrotado, resistiu enquanto pôde.
Muitos tiveram o privilégio da anistia, agora, “um preto, era um preto”. O
líder foi julgado como inimigo social, nunca se reconheceria que um “homem de
cor” fosse capaz de possuir intuições políticas, sociais e até mesmo
educacionais.
Preso, seu processo foi
aberto em março de 1841, arrastando-se por mais de um ano, pois somente em 05
de abril de 1842, realizou-se o seu julgamento. Ele foi condenado à forca por
liderar no Maranhão uma das mais temidas insurreições do povo negro já
ocorridas no Brasil. Cosme foi enforcado em Itapicuru Mirim, em 20 de setembro
de 1842, transformando-se em símbolo da luta contra escravidão.
Para todas as
comunidades afros brasileiras, Cosme deixou seu legado de luta, perseverança, força
e a angústia por um mundo sem preconceitos e, nos deixa a certeza de que deveríamos, ao menos, dar a Balaiada e aos seus personagens
populares como o Cosme Bento das
Chagas um reconhecimento maior de
seus papéis e do que representaram para a nossa História e à própria História
do Brasil.
NEGRO COSME VIVE!!!
Fontes:
Centro de Cultura Negro Cosme, Outros tempos/UEMA, Acorda Cultura, Blog da Balaiada, Blog Respeita as Pretas - Chap - MA.