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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

VIVA A NEGRO COSME: DE CHAPADINHA - MA PARA O MUNDO.

Há 180 anos, ocorria uma célebre revolta de escravos, essa insurreição de milhares de negros (1838-1840) liderados por Cosme Bento das Chagas tornou-se o mais explosivo durante a Balaiada (1838-1841), aquele acontecimento revelou um aumento do nível de amadurecimento dos negros escravos, pois, através da insurreição buscaram superar a escravidão (após sucessivas fugas e a constituição de diversos núcleos de quilombolas) impondo uma forma mais incisiva de resistência àquela sociedade escravista. 

Nascido por volta de 1802, em Sobral no Ceará, Cosme chegou como negro alforriado ao Maranhão, ainda jovem – não se pode afirmar ao certo essas datas. O Negro Cosme tornou-se o maior obstáculo das forças legais, reunindo um contingente de aproximadamente três mil homens, tornando-se assim, o maior líder dessa batalha pela liberdade dos negros no Maranhão.
No período, foi visto por muitos como um bandido sanguinário, um facínora sem escrúpulos e até como feiticeiro chegou a ser tratado, mas possuía uma perspectiva política diferente de muitos negros e brancos de seu período a de libertário. Logo após, Cosme fundou uma pequena escola em seu quilombo - o de Lagoa Amarela, localizado na cabeceira do Rio Preto, no município de Chapadinha, para ele, a leitura poderia oportunizar uma reflexão e uma consciência maior na luta e resistência à escravidão.

Negro Cosme foi o último grande líder da Balaiada a ser derrotado, resistiu enquanto pôde. Muitos tiveram o privilégio da anistia, agora, “um preto, era um preto”. O líder foi julgado como inimigo social, nunca se reconheceria que um “homem de cor” fosse capaz de possuir intuições políticas, sociais e até mesmo educacionais.

Preso, seu processo foi aberto em março de 1841, arrastando-se por mais de um ano, pois somente em 05 de abril de 1842, realizou-se o seu julgamento. Ele foi condenado à forca por liderar no Maranhão uma das mais temidas insurreições do povo negro já ocorridas no Brasil. Cosme foi enforcado em Itapicuru Mirim, em 20 de setembro de 1842, transformando-se em símbolo da luta contra escravidão.
Para todas as comunidades afros brasileiras, Cosme deixou seu legado de luta, perseverança, força e a angústia por um mundo sem preconceitos e, nos deixa a certeza de que deveríamos, ao menos, dar a Balaiada e aos seus personagens populares como o Cosme Bento das Chagas um reconhecimento maior de seus papéis e do que representaram para a nossa História e à própria História do Brasil. 


NEGRO COSME VIVE!!!

Fontes: Centro de Cultura Negro Cosme, Outros tempos/UEMA, Acorda Cultura, Blog da Balaiada, Blog Respeita as Pretas - Chap - MA.






2 comentários:

  1. É importante também destacar a preocupação de Negro Cosme com a educação: é dele a primeira iniciativa (registrada) da criação de uma escola de ensino de leitura e escrita no quilombo, em Lagoa Amarela (CUNHA, 1999, p. 81). Sobre a existência dessa escola a pesquisadora Marileia Cruz (2005) relata:

    […] fomos informados no Arquivo Público do Estado do Maranhão de que há precária existência de fontes sobre o assunto, uma vez que esse quilombo teve uma existência limitada a dois anos, sendo posteriormente dizimados todos os seus habitantes, em decorrência da Guerra dos Balaios. Sua referência documental é expressa em uma comunicação nos altos do processo desencadeado no período contra o líder dos balaios. Contudo, esse fato por si permite que possamos inferir que mesmo durante o Império já era comum a preocupação dos negros em apropriarem-se dos saberes na forma escolar. (CRUZ, 2005. p. 28)

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